Sophie Charlotte posa para revista e fala sobre seus projetos para depois de "O Rebu"
Destaque na novela O Rebu, no ar na faixa das 23h da TV Globo, Sophie Charlotte posou para a Revista "AZUL MAGAZINE" e conta que se prepara para sua volta ao cinema e confessa a vontade de fazer teatro novamente.
Desde os cinco anos de idade, a imponente palavra schauspielerin já fazia parte do vocabulário de Sophie Charlotte. Tradução de atriz para o alemão, era falada e repetida por ela para expressar o que gostaria de ser quando crescesse. Neta por parte de mãe de um cantor lírico e filha de um cabeleireiro e maquiador, até parece ter arte e beleza no sangue. Pois foi dito e feito: 20 anos depois de decidir seu destino, a menina nascida em Hamburgo, na região Norte do país germânico, mostra todo o talento nato em terras brasileiras. Atualmente, interpreta Maria Eduarda, uma das suspeitas do assassinato que é o grande mistério de O Rebu, remake que ocupa a faixa das 23h da TV Globo.
O convite para o papel partiu de José Luiz Villamarim, diretor da trama produzida quase 40 anos após a versão original. “Aceitei na hora. A Duda é um personagem decisivo, é madura e determinada. Faz parte de um quebra-cabeça que vou montando a medida que recebo o roteiro”, conta. Sophie ressalta também o privilégio de contracenar com ícones da dramaturgia, como Tony Ramos, Zé de Abreu, Vera Holtz, Patrícia Pillar e Cássia Kiss. “Só de dividir o camarim feminino com as três atrizes já me sinto emocionada. Estou aprendendo demais no set”. Nos bastidores das gravações, também encontrou um novo par, o ator Daniel de Oliveira, com quem assumiu o namoro em maio.
Discreta, prefere preservar a relação e focar o interesse do público em seu trabalho. Como a novela terá duração de apenas dois meses, gasta energias na composição do seu personagem. “Duda não é mocinha nem vilã, apenas faz parte de um jogo de interesses e defende os seus. Tudo é cheio de entrelinhas e ambiguidades”, explica. Para apresentar o seu melhor na frente das câmeras, a atriz assistiu longas do cineasta chinês Wong Kar-Wai, como Um Beijo Roubado, indicação de Villamarim para captar o ritmo das cenas, a intensidade do olhar e a fotografia. Além disso, trabalhou com o preparador de elenco Chico Accioly e ajustou o corpo com a coreógrafa e bailarina Marcia Rubin. Sem falar na mudança de visual, que causou burburinho antes dos capítulos irem ao ar. “Entendo essa curiosidade das pessoas, só que para mim é apenas um corte. Cabelo cresce e adoro abrir espaço para o novo, ter mais essa possibilidade de transformação.”
Tamanha dedicação não é novidade em sua trajetória. Na mesma época precoce em que decidiu qual seria sua profissão, começou a ter aulas de dança. Quando se mudou com os pais e o irmão mais novo da Alemanha para Niterói, no Rio de Janeiro, aos sete anos, continuou o curso até ser formar em balé clássico. Chegou a viajar com sua companhia para participar de festivais pelo Brasil, mas a vocação para as artes cênicas falou mais alto. “Lembro-me de uma apresentação em Hamburgo, quando tinha cinco anos. Estava no palco dançando e, ao terminar o número, ouvi um barulho forte semelhante à chuva. Na verdade eram aplausos, que me arrebataram profundamente. Nunca esqueci aquela sensação”, conta.
Estar no palco, aliás, é uma saudade latente. Ela é pupila de ninguém menos que Domingos de Oliveira, ator e escritor consagrado que a conheceu durante a turnê do espetáculo Cabaré Filosófico, em 2008. “Entrei para essa trupe no meio da temporada e Domingos me acolheu e incentivou, como grande mestre que é.” Depois vieram as peças Confissões de Adolescente, O Apocalipse e Poesias e Canções. “O teatro é o primeiro lugar do ator, onde não há intermediário entre ele e a plateia. Quero voltar a ter esse gostinho assim que possível”, diz ela.
A distância dos espetáculos é justificada. Nos últimos anos, as câmeras da televisão têm monopolizado essa morena versátil. A estreia aconteceu com pequenas falas em Páginas da Vida (2006) e foi seguida pela série juvenil Malhação (2007), onde arrematou o papel principal. Logo, os autores e diretores não demoraram a disputá-la para o horário nobre, e Sophie emendouCaras & Bocas (2009), Ti-ti-ti (2010) e Fina Estampa (2011), mostrando toda sua competência ao viver personagens completamente distintos. Em 2013 conquistou mais uma protagonista, a it-girl Amora Campana, de Sangue Bom. “Esse momento foi importante por causa da personalidade rica da Amora e pelas amizades que fiz. Mas todos os trabalhos foram essenciais a sua maneira. Não consigo imaginar minha estrada sem qualquer um deles”, afirma.
Os planos para depois de O Rebu envolvem uma outra tela: a do cinema. Depois de estrear seu primeiro longa, Serra Pelada, lançado no ano passado com direção de Heitor Dhalia e figurões como Juliano Cazarré, Julio Andrade, Matheus Nachtergaele e Wagner Moura também no elenco, a atriz se rendeu a magia da sala escura. “Foi a melhor experiência da minha vida em termos de personagem, um ponto de virada mesmo. Cresci e amadureci muito fazendo a Tereza, uma prostitua ousada e sofrida.” Ainda em 2014, estará em Tamo Junto, filme de Mateus Souza sobre as escolhas da fase dos 20 anos e, após o término das gravações da novela, viaja para Petrolina, em Pernambuco, para encarnar Severina, par de Cauã Reymond emLíngua Seca. A trama de ação e romance se passa no sertão nordestino e mostra um grupo de motociclistas que acreditam na lenda de uma santa que faz chover o ano inteiro, mas está em poder de um bandido.
Com tantos projetos e um futuro claramente promissor, a jovem estrela irradia uma luz própria. Seu sorriso escancarado, sempre presente, não raro se transforma em gargalhada, do tipo que só quem curte a vida plenamente pode entender. “Me sinto abençoada. Recebi grandes oportunidades e tento aproveitá-las da melhor maneira possível. Percebo que a responsabilidade vai crescendo junto com o desafio e o prazer de estar em cena. Meu entusiasmo e vontade de exercer a profissão só aumentam. Sei que daqui a 40 anos provavelmente terei esse mesmo brilho no olhar”, afirma.
Saiba mais
Filme “Adoro clássicos e já perdi as contas de quantas vezes vi e revi Felizes Para Sempre (C’era una volta, no original), um filme italiano com o Omar Shariff e a Sophia Loren bem novos. Tenho a trilha sonora no meu Ipod também”
Música “A do momento é Sua estupidez, de Roberto e Erasmo Carlos, que canto em uma cena de O Rebu”
Conto de fadas “A história da Cinderela. Acho que toda menina quer ser uma princesa na infância”
Ídolos “Minhas avós, Alva Frizia e Maria Catarina. São mulheres fortes, com histórias de vida incríveis e que me inspiram”
Livro “Estou lendo O Ator Invisível e Um Ator Errante, do japonês Yoshi Oida, um ator que trabalhou com o Peter Brook. Gosto de conhecer artistas de outras culturas e saber mais do processo de trabalho deles. Fora isso, tenho na minha cabeceira Toda Poesia, do Paulo Leminski, e os títulos da Hilda Hilst, como Estar Sendo Ter Sido”
Viagem dos sonhos “Quero conhecer o mundo e o Brasil todo. Lugares como Alter do Chão, no Pará, Bonito, no Mato Grosso do Sul, e Fernando de Noronha, em Pernambuco, estão na minha lista”
Hobbies “Gosto de ir para o sítio do meu pai, ao cinema, à praia, conferir exposições e sair com os amigos”
Linda <3
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