‘Não tenho medo de envelhecer, tenho medo é de não envelhecer’, diz Sophie Charlotte
No camarim, Sophie Charlotte já dava pistas de como seria sua performance neste ensaio, inspirado na Madonna da década de 1980, especialmente a do álbum “True Blue”, dos sucessos “Open your heart” e “Papa don’t preach”.
— Acho o máximo fazer fotos. Nunca fui modelo, mas as admiro por conseguirem colocar toda a energia numa só imagem — diz a atriz.
E Sophie colocou energia em cinco, como você pode ver. Para entrar no estúdio e liberar toda a sua porção diva, a atriz quis volume máximo na caixa de som. Pedido atendido. Surgiu, então, uma mulher ultrassexy, de jaqueta de couro e hot pants, direto para o espaço onde seria fotografada por Nana Moraes — uma das primeiras a fotografá-la, quando a atriz ainda precisava de imagens de divulgação na agência de atores que cuida de sua carreira.
O primeiro clique foi como a primeira música de um show, com direito a equipe vibrando com a imagem que surgiu no monitor, mais ou menos como a plateia de um festival ao ver o artista no palco.
No ar em “Babilônia” no papel de Alice, a jovem de classe média que se apaixona pelo agenciador de meninas Murilo (interpretado por Bruno Gagliasso), Sophie, de 25 anos, mostra que é no palco (ou set) que se sente mesmo à vontade. Aí mora sua semelhança com Madonna: no talento em atrair os holofotes quando o diretor grita ação ou o fotógrafo dispara o primeiro clique — durante as fotos, por exemplo, ela não economizou na dança (é formada em balé clássico) e no canto. De resto, Sophie faz a linha oposta, prefere “não causar”. Pensa bastante antes de falar, não gosta de se comprometer.
— A Madonna trabalha com a música e a personalidade dela. Eu interpreto personagens. A minha opinião não pode ser sempre um acessório — explica Sophie. — As perguntas, hoje em dia, dificilmente falam sobre o que eu estou passando com a personagem ou sobre a novela. É sempre a minha opinião sobre alguma coisa. E isso, às vezes, só diz respeito a quem realmente me conhece.
Esse ar introspectivo, ela atribui às raízes europeias. Filha de pai brasileiro e mãe alemã, ela nasceu em Hamburgo e morou por lá até os 8 anos.
— Eu acho que sou reservada com algumas coisas. É difícil de explicar. Não é uma questão de distância, é de sentir os terrenos.
De brasileira, ela diz, tem a capacidade de adaptação a diversas situações. Exemplo? Sair na rua e minutos depois ver sua imagem circulando na internet — enquanto essa matéria era escrita, Sophie era destaque no portal Globo.com por dar “ajeitadinha no biquíni branco em dia de praia”.
— Eu fiz as pazes cedo com essa coisa da exposição. A curiosidade gerada nas pessoas é uma resposta ao meu trabalho. Querendo ou não, eu fui atrás de uma profissão exposta. Poderia ter escolhido outra. Não deixo de fazer nada por causa disso, mas não vou dizer que seja uma coisa que eu adore — diz ela, que namora há um ano o ator Daniel Oliveira, ou seja, prato cheio para os paparazzi (ah, o segredo do sucesso no biquíni branco são os exercícios na academia com personal trainer).
A maneira de lidar naturalmente com o mundo de celebridade que a cerca, além da maturidade que exibe aos vinte e poucos anos, vem da mãe e das avós (a brasileira e a alemã, “totalmente diferentes e incríveis”).
— O bacana de ser mulher é que a gente amadurece muito em grupo, com a mãe, avós, tias. É um processo muito coletivo. E eu tive mulheres maravilhosas por perto. Não estava sozinha no processo de transformação do meu corpo, da minha cabeça — conta.
Assuntos caros para algumas jovens atrizes, sexo e corpo são encarados por ela com a mesma naturalidade.
— Minha relação é de abraçar quem eu sou e não me comparar. Não tenho medo de envelhecer; tenho medo é de não envelhecer. Eu quero é viver!
Fonte: Caderno Ela
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