"Todas As Flores": Maíra de Sophie Charlotte quebra limitações com novo olhar sobre a deficiência visual

sexta-feira, maio 26, 2023



Todas as Flores termina com um ponto positivo e histórico: a novela deu um chega para lá no capacitismo. Os deficientes visuais em cena sempre foram independentes em todos os sentidos. São bons profissionais e têm relacionamentos amorosos diversos. O autor João Emanuel Carneiro abandonou o aspecto que os folhetins costumam abordar nesse tipo de tema, o do merchandising social, e acertou.

Além de pessoas com deficiência (PcD) no elenco, a trama contou com o olhar especial de Nathalia dos Santos na assistência de direção. Cega, ela é roteirista e pesquisadora, tem bagagem no audiovisual há mais de dez anos. Foi ela quem levou atores que não enxergam ou têm visão reduzida por diferentes motivos para a trama e deu uma valiosa consultoria nos bastidores.

Todas as Flores inovou ao ter uma protagonista com deficiência visual. Maíra (Sophie Charlotte) até fez uma cirurgia e passou a enxergar com baixa visão no começo da segunda temporada da trama, mas a interpretação de Sophie Charlotte impressionou muito quando a mocinha era cega.

Boa parte de quem assistiu à primeira temporada da novela tentava descobrir qual truque a atriz usava, pois a cegueira de Maíra era tão verossímil que o espectador buscava uma explicação para o trabalho de composição entregue por Sophie.

Ela e os outros personagens PcDs contaram com especialistas na preparação dando apoio para os atores executarem o texto empoderado dos deficientes visuais. A novela teve até treinador de cão-guia atuando nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro.



DIVERSIDADE

O enredo de Todas as Flores enriqueceu a ausência da visão de alguns personagens com histórias recheadas de sentimentos, como as de quaisquer outras pessoas. Eles puderam amar a liberdade e relacionamentos abertos, como foi o caso de Gabriela (Camila Alves), ou viraram popstars como aconteceu com Márcio (Cleber Tolini), no concurso Garoto Rhodes.

O núcleo dos personagens PcDs foi apresentado como parte de um programa implantado por Rafael (Humberto Carrão) na Rhodes --grife e confecção que tem o papel de reunir boa parte do elenco no mesmo ambiente profissional.

Ao retratar as dores de amores, as decepções e até a saliência de quem convive com a cegueira, a novela criou a possibilidade de o espectador ter ainda mais empatia com tais personagens --pena e dó ficaram de fora de Todas as Flores.

Algumas vezes as vilãs, principalmente Vanessa (Letícia Colin), falaram barbaridades para discriminar Maíra. E o preconceito da golpista só reforçou o quão errado é pensar como ela, que chegou a apelidar a irmão de "cegueta".

Muitas vezes, os deficientes roubaram a cena no folhetim justamente por não estarem ali panfletando contra a discriminação. Nada de palestrinha, ver PcDs fofocando, flertando, produzindo e se relacionando, faz parte de uma dramaturgia antenada e que combate o capacitismo ainda presente na sociedade.

Três dos cinco capítulos finais de Todas as Flores foram liberados no Globoplay na quarta-feira (24). O penúltimo e o último episódios entrarão no ar dia 30 de maio e 1º de junho, respectivamente. Ambos, serão transmitidos ao vivo na plataforma.


Fonte e texto: Noticias da TV - UOL
Por Márcia Pereira - colunista
Imagens: GloboPlay

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