A primeira vez de Sophie Charlotte nos cinemas
Ela chega de braços cruzados, protegendo o corpo do frio que faz na sala. Cumprimenta a todos os repórteres num gesto recatado e se aconchega no canto. Pouco fala. Parece estar mais descoberta do que a prostituta Tereza de “Serra Pelada”, novo drama de Heitor Dhalia, que estreia nesta sexta-feira.
Aos 24 anos, Sophie Charlotte protagoniza, logo na sua primeira aparição, uma cena quente de sexo com Juliano, o vilão viril de Juliano Cazarré, e ainda faz uma dança sensual num cavado e decotado biquíni, logo após o assassinato do noivo, o coronel Carvalho, de Matheus Nachtergaele.
Agora com atitude mais firme, a atriz diz viver sua melhor fase profissional e recebe elogios rasgados de Wagner Moura, que atua no longa-metragem e ainda assina sua produção. “Fiquei muito tempo lendo o roteiro. Não dormi por causa da Tereza. Foi a melhor experiência da minha vida”, empolga-se a atriz, no ar em “Sangue Bom”.
Sobre as cenas sensuais, Sophie afirma ter encarado com muita naturalidade: “O roteiro não te dá saída. Tem de ter coragem. Mas não tive dúvida nem medo. Tenho agora, perto de vocês. Fiquei muito à vontade. Não houve nenhuma questão”.
Na pele do bandido Lindo Rico, Wagner quase se levanta da cadeira para falar da parceira de elenco. “Ela me emocionou muito. Tenho uma certa inveja desse entusiasmo. Essa sensação de estar fazendo a coisa mais importante de sua vida. Já senti muito isso. Hoje ainda sinto, mas de outro jeito, não mais com essa coisa que ela trouxe”, rasga-se.
O diretor Dhalia também faz questão de registrar sua admiração pela morena, filha de uma alemã e de um maquiador paraense. “Foi uma honra tê-la conosco, fazendo um papel corajoso. Foi muito difícil para ela chegar naquele lugar e encarar uma personagem dessa de frente. No segundo dia de ensaio, já tinha nascido aquela onça. Ela quebra tudo”, diz ele, referindo-se ao apelido da mulher na trama.
caça ao tesouro/ Quando a história gira em torno de dinheiro, o desfecho não é muito diferente tanto para quem tem tudo a perder como para aquela pessoa que nada possui. Uma hora, a ganância sempre fala mais alto que valores como a amizade. É o que acontece com Juliano (Cazarré) e Joaquim (Júlio Andrade). O primeiro deseja o poder e não está habituado a medir as consequências de seus atos. Logo se corrompe e troca o parceiro de infância por uma arma. O segundo quer dar uma vida melhor para a mulher e a filha que está perto de nascer. Apesar de ganhar um bom dinheiro, não consegue abandonar o garimpo e perde os primeiros anos da menina. O cenário é a maior mina de ouro a céu aberto do mundo, no Pará, promessa de riqueza para muitos na década de 1980.
Wagner, que inicialmente faria Joaquim, acabou incorporando um bandido sarcástico. Aparece pouco, mas tem grande importância na trama, principalmente no fim. “O personagem foi criado lá em casa. A gente achava que faltava um antagonista mais forte para o filme. Puxei da minha memória de infância, no sertão da Bahia, um senhor muito magro, que usava um brinco, era carequinha, com bigodinho, muito delicado, mas que era um assassino de aluguel”, explica o ator.
Fonte : Rede Bom Dia
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